Ser multitarefas melhora ou piora a produtividade? Descubra!

Ser multitarefas prejudica a produtividade? Entenda todas as desvantagens!

Por um tempo, a ideia de que ser multitarefas (ou multitasking) era o segredo do sucesso foi bastante perpetuada. Afinal, numa época tão acelerada quanto a atual, quem fosse capaz de conciliar diferentes demandas de uma só vez aparentava ter uma grande vantagem. 

Porém, na realidade, as coisas não funcionam bem assim. Inúmeros estudos e pesquisas feitos ao redor do mundo vêm comprovando que fazer várias coisas ao mesmo tempo traz muito mais malefícios do que benefícios. 

Indo diretamente na ferida: ser multitarefas não significa ser mais produtivo. Pelo contrário, muitas vezes, ao tentar fazer várias ações simultâneas acabamos por demorar muito mais tempo do que se tivéssemos escolhido realizar uma coisa de cada vez. E pior, a qualidade dos resultados também costuma diminuir. 

Apesar disso, ainda hoje é bastante possível encontrar o termo “multitarefas” sendo usado como se fosse uma qualidade desejável em diversos lugares, como em descrições de vagas de emprego, em palestras profissionais, em livros e até mesmo dentro de empresas. 

Por isso, resolvemos reunir tudo sobre o tema nesta matéria e te ajudar a entender melhor porque ser multitasking não é recomendável. Dá uma olhada no que será abordado:

Índice:

  1. O que é ser multitarefas;
  2. O cérebro consegue ser multitarefas?
  3. As desvantagens de ser multitarefas


O que é ser multitarefas


O termo multitarefas, do inglês “multitasking”, tem origem no campo da computação e se refere à habilidade de um computador de realizar operações com diferentes programas de forma simultânea.

Com o tempo, essa habilidade também passou a ser considerada como uma capacidade que as pessoas também poderiam desenvolver. Assim, ser multitarefas passou a ser visto como algo positivo, incentivado e procurado por empresas em seus profissionais.

A globalização e a transformação digital contribuíram muito para esse pensamento, já que mudaram nossa relação com o mundo e a forma como consumimos informações. Somos impactados com bilhões de dados ao longo do dia e precisamos lidar com vários estímulos o tempo todo. 

Isso faz com que, querendo ou não, exista momentos de nossa rotina em que somos inclinados a ter um comportamento multitarefas (como quando tomamos café da manhã escutando as notícias do jornal e respondendo e-mails ao mesmo tempo).

Porém, mesmo que o contexto no qual estamos inseridos nos leve ao hábito de fazer mais de uma atividade simultaneamente, isso não significa que este seja um comportamento positivo e, muito menos, que vá nos ajudar a ser mais produtivos, porque não vai. 

 

| Leia também: 


O cérebro consegue ser multitarefas?


Ao contrário dos computadores, nosso cérebro não funciona bem de maneira multitarefada. Isso significa que, mesmo que tenhamos costume de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, mais cedo ou mais tarde, as consequências negativas aparecerão.

Naturalmente, o nosso cérebro é capaz de fazer e aprender muitas coisas. Independente da idade, redes neuronais podem ser criadas apenas para esses fins, o que torna nossa mente extraordinária. Contudo, quando se trata de tarefas intelectuais, nosso cérebro não consegue bem realizar ações diferentes ao mesmo tempo - as exceções são as tarefas fisiológicas automáticas, como respirar ou digerir.  

Isso acontece porque, para fazer duas ou mais ações simultaneamente, que exigem atenção e concentração, o cérebro precisaria utilizar a mesma rede neuronal. O que, de acordo com os neurologistas, é fisiologicamente impossível. 

Quando você decide dividir a atenção para executar duas tarefas que requerem concentração e esforço significa que uma das duas (ou ambas) será prejudicada. 

Um estudo feito por Joshua Rubinstein, Jeffrey Evans e David Meyer se baseou em experiências com jovens adultos que alternavam entre diferentes tarefas, como resolver problemas ou classificar objetos geométricos. 

A pesquisa, feita em 2001, até hoje é a principal referência no que diz respeito a como o cérebro é afetado ao mudarmos de atividades sequencialmente.

Em todas as vezes, os participantes perderam tempo quando tiveram que mudar de uma tarefa para outra. À medida que elas se tornam mais complexas, os participantes foram perdendo ainda mais tempo. 

A resposta para isso é que o nosso cérebro não consegue se concentrar em mais de uma coisa por vez. Ele faz pequenas e rápidas alternâncias de foco, o que dá a impressão de que está mantendo a atenção em várias coisas. Porém, isso é uma ilusão.

A cada troca de atenção, há um tempo necessário para que a mente se reconecte com a nova atividade, o que consome energia mental. O que as pessoas chamam de “multitarefas” é, na verdade, a capacidade de pular de uma tarefa para a outra em um curto período.

Você não faz duas coisas ao mesmo tempo. Pelo contrário, separa energia e concentração para focar em uma coisa e, logo em seguida, em outra. Porém, quando fazemos isso sem ter consciência da necessidade de foco, alimentamos um ciclo de estresse, ansiedade e sobrecarga mental. 

Essa pesquisa, que foi fundamental para compreender a dinâmica cerebral do foco, também é essencial para desconstruir a fantasia da multitarefa.


As desvantagens de ser multitarefas


O processo de trabalhar com muitas coisas ao mesmo tempo interfere na capacidade de concentração, além de esgotar as reservas de energia do cérebro, afetar de maneira negativa a memória e agravar quadros de ansiedade.

O hormônio do estresse, denominado cortisol, é liberado em excesso no organismo, gerando problemas de foco e agitação mental, forçando a pessoa a revisitar a mesma tarefa várias vezes para finalizá-la, além de facilitar a ocorrência de erros.

Para entender melhor todas essas desvantagens, confira abaixo mais explicações sobre os principais malefícios de tentar ser multitarefas:


Falta de foco

De acordo com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, um dos segredos para a produtividade está no chamado “estado de flow”, um estado mental de foco e fluidez. Quando alcançamos essa fluidez mental, nossa concentração e capacidade de execução atingem seus níveis mais elevados, gerando não apenas um alto desempenho, como também a sensação de prazer em executar a tarefa.

Quando nos concentramos verdadeiramente em uma ação, nosso cérebro imediatamente “desfoca” o restante, como se fosse um filtro natural que coloca o que não é prioridade em segundo plano. Ou seja, no estado de flow, é crucial que estejamos concentrados em uma única tarefa, só assim é possível acessar essa “onda” de fluidez e produtividade.

Por isso, ao tentar ser multitarefas a pessoa está se afastando da mentalidade de concentração e fluxo, impedindo que encontre o estado de flow. Com isso, ela afeta negativamente sua produtividade e tem mais dificuldade de completar uma tarefa de maneira satisfatória. É preciso foco para conseguir avançar de verdade (e com qualidade) em qualquer tarefa que exija esforço e dedicação. 


Dificuldade em filtrar informações


Como já foi dito anteriormente, ao focar em uma atividade, nossa mente automaticamente ignora outros estímulos e informações para poder se concentrar naquilo que é essencial no momento. 

Quando forçamos o cérebro a tentar lidar com mais de uma coisa simultaneamente, ele realiza rápidas alterações de foco que demandam tempo e energia para acontecerem. Com isso, necessariamente algum dado será perdido ou prejudicado no processo.

Tendo isso em mente, propomos o seguinte cenário: você está terminando uma planilha de resultados e, ao mesmo tempo, tem que responder a um e-mail importante. 

A troca de atenção entre esses diferentes contextos faz com que seu cérebro realize um esforço maior para processar as diferentes informações presentes em cada um deles. Como resultado, você acaba perdendo tempo ao invés de economizá-lo, além de aumentar os riscos de cometer erros em ambos os processos, te forçando a conferir mais vezes a planilha e reler novamente o e-mail, por exemplo. 

No final de tudo isso, as chances de você não conseguir filtrar e memorizar as informações presentes na planilha e no e-mail são bem maiores. 

 

| Leia também: 

 


Perda de memória


A troca rápida de uma tarefa para outra também afeta a memória de curto prazo. De acordo com pesquisas da Universidade da Califórnia, quando temos diversos dados sendo processados ao mesmo tempo, a tendência é que nossa mente direcione a energia para focar no que aparenta ter mais relevância.

Isso significa que teremos perdas claras no que diz respeito às informações secundárias — que, apesar de não serem o mais relevante, costumam ser fundamentais para concluir tarefas importantes de maneira eficiente. 

Uma simples verificada na rede social já é suficiente para reduzir drasticamente a capacidade de armazenar informações. Outro exemplo: quando uma pessoa conversa com outra ao mesmo tempo em que assiste a um filme na televisão, das duas uma: ou ela não conseguirá prestar verdadeira atenção ao que esta sendo conversado, ou ela perderá alguma informação da cena do filme.  

Voltando ao exemplo da planilha e do e-mail, além da dificuldade em assimilar bem as informações das duas tarefas, também haverá grande desafio para lembrar bem dos detalhes de cada uma. Por exemplo: se seu chefe te perguntar sobre uma informação X da planilha, algo simples que você poderia responder imediatamente, você sentirá dificuldade de lembrar e precisará conferir novamente no documento. 

Ao longo do seu dia, você perceberá que a dificuldade para guardar informações só aumentará se você insistir em fazer várias coisas ao mesmo tempo. Passará a não lembrar o que foi fazer na cozinha, lutará para recordar do que comeu no café da manhã e assim por diante. 

Dessa maneira, se quiser ter uma memória melhor, é importante ir pelo caminho oposto: se concentrar em uma tarefa de cada vez.


Perda de tempo


Ao contrário do que se imagina, ser multitarefas gera perda de tempo e não ganho. Ao mudar de tarefas, o cérebro consome tempo até compreender o contexto e todas as variáveis que serão necessárias para a nova tarefa. 

De acordo com o autor do livro “A Tríade do Tempo”, Christian Barbosa, esse período de adaptação entre duas tarefas pode variar de 11 a 72 minutos. Quanto mais complexa for a atividade, maior será o tempo perdido. 

Porém, mesmo com demandas mais simples podemos acabar caindo em armadilhas. Afinal, mesmo a mente precisando de menos tempo para alternar entre tarefas pequenas, quando somamos todo o tempo perdido em um dia, poderemos perceber que cada tarefa fez a diferença no saldo final. 

Ou seja, independentemente do tamanho da tarefa, o mais indicado é separar um horário para se dedicar a esses afazeres, realizando um de cada vez. Acredite, você será bem mais rápido e terá mais tempo sobrando ao final do dia. 


Inibição da criatividade


Ao tentar ser multitarefas, não é apenas a atenção e a capacidade de concentração que são prejudicadas: a criatividade também. Com a redução da memória de curto prazo, a dificuldade de filtrar informações e a lentidão de raciocínio, fica bem mais complicado criar conceitos e ideias.

Para completar, a produção excessiva de cortisol e adrenalina faz com que o cérebro seja direcionado para funções primitivas (como o ataque e a autodefesa), desprivilegiando o acesso ao lobo frontal (área responsável pelo pensamento crítico e criatividade). 

Dessa maneira, a tendência é que o cérebro execute as tarefas de forma mediana, padrão ou automática, inibindo totalmente a liberdade para pensar fora da caixa, inovar e exercer o pensamento criativo. Portanto, se você precisa de uma ideia nova, desenvolver um produto inédito ou chegar a uma solução criativa para um determinado problema, fuja do multitasking e se concentre apenas nessa tarefa. 



Queda na qualidade e aumento de erros


Leandro Teles, médico membro da Academia Brasileira de Neurologia, explica que a mente faz uso das memórias, criatividade, raciocínio lógico e capacidade de adaptação quando se depara com desafios. Isso é chamado de função executiva. 

Porém, quando alguém tenta ser multitarefas, o cérebro é forçado a automatizar uma das demandas para que esses recursos sejam utilizados para outra. Ou seja, uma das tarefas recebe mais atenção, enquanto a outra é realizada de forma praticamente inconsciente. 

Sabe o que é pior? É que pode chegar ao ponto em que as constantes trocas de atenção acabem fazendo com que ambas as ações sejam “automatizadas” e realizadas sem real consciência. Isso faz com que a qualidade de nossa execução caia drasticamente, afetando o nosso desempenho e aumentando muito a quantidade de erros. 

O que ocorre é que, apesar de termos a impressão de estar fazendo duas ou mais coisas ao mesmo tempo, não estamos executando nenhuma delas com eficácia. No ambiente profissional, isso pode se tornar desastroso, gerando prejuízos ou até perda de clientes.

Portanto, o ideal é deixar a ideia de ser multitarefas de lado e procurar se concentrar em uma ação por vez. Isso faz com que ganhe tempo, foco, qualidade e concentração, além de melhorar a qualidade dos resultados e diminuir a incidência de erros.


Aumento da ansiedade


A neurociência constatou que mudanças de foco constantes e em excesso geram muita agitação, o que causa ansiedade. Esta, por sua vez, aumenta a produção dos hormônios do estresse (cortisol e adrenalina), que sobrecarregam o cérebro e alvoroçam nossos pensamentos, intensificando ainda mais a ansiedade. É um ciclo vicioso.

Para completar, a frequente alternância de foco faz o cérebro consumir glicose rapidamente. Essa é a razão para chegarmos ao final do dia com a sensação de que o cérebro derreteu. Ficamos mentalmente esgotados, sem energia para pensar e, muitas vezes, essa exaustão atinge o físico também. 

Ou seja, se você quer cuidar da saúde física e mental, então mais um motivo para correr de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Sabemos que não é tão fácil, afinal, com tantos estímulos proporcionados pela vida moderna, é muito fácil ter recaídas e recorrer aos múltiplos estímulos de uma vez.

Porém, se você conseguir fugir da multitarefa ao menos nos principais momentos do dia (na hora de se concentrar em sua família e nos momentos que precisa de concentração total) já é um começo. 

 

| Leia também: 

 


Diminuição da produtividade


Sabe no que tudo isso listado acima se converte? Na principal desvantagem de ser multitarefas: a diminuição da produtividade — sim, literalmente o oposto do que a falácia popular da cultura multitarefas promete.

Mudar de uma tarefa para outra e exigir esse nível de esforço da sua mente gera perda de foco. Sem foco você fica mais inclinado a procrastinar, tem mais dificuldade de processar informações, gasta mais tempo em passos simples, tem necessidade de repetir processos por não lembrar direito o que foi feito e assim por diante. 

Isso tudo afeta diretamente na sua forma de executar as demandas, prejudicando todo o seu trabalho. Segmentar seus esforços em mais de uma coisa ao mesmo tempo faz com que você perca força e impacto em suas ações. 

Assim, para ser mais produtivo é necessário ir para o caminho contrário. Quando você concentra todos os seus esforços em uma única tarefa, você usa todos os seus recursos ao seu favor.

Você consegue realizar aquela demanda muito mais rápido, com mais agilidade, mais inteligência aplicada, mais qualidade e mais motivação. Quando você terminar, aí sim parte para uma nova tarefa. Aliando isso à organização, priorização e planejamento, nada pode te parar!


Quer saber tudo sobre como ser efetivamente mais produtivo? Confira as matérias abaixo:

 

Simplesmente: Suplemento para performance mental

 

Perguntas frequentes sobre Multitarefas

O que é ser multitarefas?


O termo multitarefas vem do inglês “multitasking”, que tem origem no campo da computação e se refere à habilidade de um computador de realizar operações com diferentes programas de forma simultânea. Com o tempo, esse termo passou a se referir também a pessoas que conseguiam realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo, como responder mensagens, almoçar e assistir ao noticiário, por exemplo. 


Ser multitarefas ajuda na produtividade?


No imaginário popular, ser multitarefas seria uma habilidade desejável por gerar mais produtividade em menos tempo. Porém, isso é um mito. Inúmeros estudos e pesquisas feitos ao redor do mundo vêm comprovando que fazer várias coisas ao mesmo tempo traz muito mais malefícios do que benefícios. Uma das principais desvantagens é exatamente a maior demora na execução de tarefas, a queda na qualidade dos resultados e a diminuição da eficiência. Ou seja, ser multitarefas piora a produtividade ao invés de melhorar. 


É possível ser multitarefas?


Seguindo à risca o significado da palavra, a resposta é não. O nosso cérebro não consegue se concentrar em mais de uma coisa por vez, é fisiologicamente impossível. Ele faz pequenas e rápidas alternâncias de foco, o que dá a impressão de que está mantendo a atenção em várias coisas. Porém, isso é uma ilusão. A cada troca de atenção, há um tempo necessário para que a mente se reconecte com a nova atividade, o que consome energia mental. O que as pessoas chamam de “multitarefas” é, na verdade, a capacidade de pular de uma tarefa para a outra em um curto período.


Quais as principais desvantagens de ser multitarefas?

  • Falta de foco;
  • Dificuldade em filtrar informações;
  • Perda de memória;
  • Perda de tempo;
  • Inibição da criatividade;
  • Queda na qualidade e aumento de erros;
  • Aumento da ansiedade;
  • Diminuição da produtividade

 

Simplesmente: Suplemento para performance mental
Voltar para o blog

Conheça o Simplesmente